domingo, 23 de novembro de 2008

E se cada palavra tivesse um gosto?

Cada situação, uma emoção.
A emoção em cada gesto.
Seu gesto, um pensamento.
Em cada pensamento uma palavra.

A mesma, fala, constrói, destrói
Tem gosto?
Machuca, cutuca? Atrai, chora.
É salgada?

Tenho em mim o bom, o doce "bom dia",
um comprimento temperado à mel de laranjeiras.
Outro dia senti gosto de chocolate, amargo.
Descontei em outrem.
Teríam sido minhas palavras, como jilós mal cozidos?

Mesmo assim, o azedume não saia.
Foi então que entrou no elevador. Veio em minha direção.
Cheirava à menta, um frescor que pedia aproximação.
Frente àquela refrescncia, que faria eu, repleto de palavras mau digeridas em meu interior?
A porta se abriu. Desejei que o mundo parasse.
Quis falar-lhe, mas não me encorajei. Seria incapaz de espalhar aquele desagradável verbo que cozinhava em mim.
Disse apenas "adeus". Foi o suficiente.
Adeus, com gosto de hortelã e abacaxi. Estava purificado, liberto.
Guardei o gosto comigo, a despedida e o sorriso molharam-me os lábios.
Estava ancioso por dividir tão deliciosa sensação com o próximo.

No almoço, me satisfiz com inúmeras palavras.
Para cada uma, um gosto. Somos responsáveis pelo sabor que oferecemos.
Então, me explique:
como doces declarações nos fazem embriagar de vinho? Como sinceros conselhos, podem ser azedos limões? E como risadas, sem maior sentido, são a sobremesa do dia todo?

Cada sentença, um petisco.
Cada momento, um complemento.
Cada verbo, uma refeição.
Cada decisão, o prato principal.


domingo, 12 de outubro de 2008

Débora - Zeca Baleiro


Não. Não sou esse tipo de mulher, que maltrata, mata. Não. Não sou esse tipo de mulher, que pisa, alisa. Não. Não sou esse tipo de mulher, que canta, encanta. Não. Não sou esse tipo de mulher, que consome, some. Não. Não tenho tipo, sou o provável do impróvavél. A parte pelo todo. Ao acaso, caso. Não dou ponto sem nó. Achei a letra ao acaso.....
Débora (Canção de desfeita feita a partir da inspiradora sonoridade  do nome bíblico de mulher. Ao modo de um raggae egípcio (?))

Débora eis uma víbora
Sai da minha aba vagaba
Para com esse mantra pilantra
Chega de caô ô ô
Tu não me engana mana
Sei que fui uma trouxa poxa
Mas agora chega nêga

Sínica, fui bater na clinica
Fiquei no osso moço
Melhor que te afaste traste
Nem vem que não tem neném
Sei que fui babaca paca
Vou picar a mula chula
Cansei de ser besta basta

Eu vou me mandar
Peguei meu jaleco
Nesse teu xaveco eu não caio mais
Eu vou me mandar eu vou pra Cancun
Teu 171 não me pega mais

Sínica fui bater na clinica
Fiquei no osso moço
Melhor que te afaste traste
Nem vem que não tem neném
Sei que fui babaca paca
Vou picar a mula chula
Cansei de ser besta basta

Eu vou me mandar
Peguei meu jaleco
Nesse teu xaveco eu não caio mais
Eu vou me mandar eu vou pra Cancun
Teu 171 não me pega mais

Débora, víbora diz que sou um crápula Drácula
Que bebi teu sangue como tangue
Postula fistula isto lá é coisa que se diga a alguém
Hein como eu teu pra sempre
Débora víbora diz que sou um crápula Drácula
Que bebi teu sangue como tangue
Postula fistula isto lá é coisa que se diga a alguém
Hein como eu teu pra sempre teu.

domingo, 5 de outubro de 2008

Filosofia de vida

Tudo certo, nada resolvido!
Nada a declarar, muito a clarear.
Todos nós temos o botãozinho famoso. Aquele que resolve todo e qualquer probleminha. Basta apertar em qualquer situação. E quem disser que não sabe onde fica o Botão do Fo....está mentindo.




10,9,8,7,6,5,4,3,2,1.........................................................................
Vamos abertar o botão?

sábado, 6 de setembro de 2008

"ESSI-E- XIS -Ó"



Em homenagem a este dia 06/09/08 - Dia do Sexo.
Oficialmente instituído pela Olla - campanha criada pela agência Age, o dia do sexo realmente merece uma homenagem:

São dois corpos. Duas bocas. Quatro mamilos.Duas almas. 10 motivos.
Então não é proíbido? Genuíno? Ingênuo talvez?
Xingamentos, suor, tapas, sussurros, frenezi.
Ostentação, pecado? Não, natureza.


sábado, 30 de agosto de 2008

RETICÊNCIAS

Reticências não são apenas três pontos
não são o ponto final
nem ponto de partida.
As reticências estão sempre no meio,
carregam história.

São exclamação, afirmação e quem sabe...
Dúvida. Sempre há dúvida numa reticência.
Algo que ainda não acabou.
Algo que ao menos começou.
Deixam no ar.

Retrato dos apixonados,
incertos, porém jamais à toa.
Escondem gestos inacabados
brigas, beijos, perdão.
Um adeus incerto, que talvez volte.

Reticências são suspense,
friu na barriga,
entendimento subliminar dos jestos.
Reticências não têm tempo
m monólogo entrelinhas.

Hoje, ontem e amahã....

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Chacoalhando os ânimos

Cada dia uma noite. Cada manhã um pôr do sol. A cada ânimo um pulo. A cada passo, uma recompensa. Cada espera uma lágrima. Um descontrole, auto-controle. Lindo, lindo, lindo dia. Motivação, tensão, tesão. Um desconcerto, uma risada, enrrubeci. Cada pulsar do coração, um friu na espinha. Cada apalavra uma irritação. Remecher os ânimos, não seria bom ?

terça-feira, 22 de julho de 2008

POR ONDE ANDA NOSSA CARA?


Outro dia estava eu folheando minha pasta com letras de músicas, e vi a foto de um rapaz com uma frase abaixo: EDILSON LOPES - EM CASO DE CONVOCAÇÃO.
Quem será esse rapaz? Faz idéia ele que está com sua foto impressa em meio a meu acervo musical? Um lugar importante pra mim, onde quase todas as músicas têm seu significado, mas ele, que significado tem ali?
Por onde será que andam as nossas caras? Estamos espalhados por aí, com apenas um click podemos fazer parte da vida de quem jamais vimos, se quer, sabemos que existem. Quantas pessoas têm guardado na memória o nosso rosto?
Fazemos parte de um arquivo morto-vivo.
Aceitamos a condição feita da pura imagem e semelhança, do rosto pelo corpo,da parte pelo todo. Perdemos o pudor, ganhamos confiança. Acreditamos, que estaremos presentes apenas na vida de quem nos interessa, afinal por que capturar a imagem de outro alguém, que não nos diz respeito? Mal imaginamos um amor platônico, uma idolatria, uma foto para embelezar o ambiente.
Tenho minha idéia, minha sugestão, meu conceito: estamos dentro da estética. A imagética tomou conta das reflexões, o que não é de todo mal. O estímulo às associações é uma necessidade. A TV não mais se faz necessária, pertencemos a "geração ponto com". Nos associamos, nós, a nós mesmos, nós às imagens, ao vetor, ao desenho, ao objeto, á pintura que quisermos. Ficamos confiantes, muitas vezes mais do que ao vivo e à cores com o outro.
Temos a necessidade constante de aparecer. Nossos pensamentos são metamórficos, logo, as imagens nos acompanham. As mudanças não param e no meio do caminho, fotos ficam para trás. O conteúdo progride? Regride? Estamos preocupados com o conteúdo? A verossimilhança corresponde à nossa real fotografia?
Afinal, por onde vão fiacando as nossas caras?

VIVER

"Compreendi que viver é ser livre...
Que ter amigos é necessário...
Que lutar é manter-se vivo...
Que pra ser feliz basta querer...
Aprendi que o tempo cura...
Que magoa passa...
Que decepção não mata...
Que hoje é reflexo de ontem...
Compreendi que podemos chorar sem derramar lagrimas...
Que os verdadeiros amigos permanecem...
Que dor fortalece...
Que vencer engrandece...
Aprendi que sonhar não é fantasiar...
Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir...
Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos... Que o valor está na força da conquista...
Compreendi que as palavras tem força...
Que fazer é melhor que falar... Que o olhar não mente...
Que viver é aprender com os erros...
Aprendi que tudo depende da vontade...
Que o melhor é ser nós mesmos...
Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!”

quinta-feira, 10 de julho de 2008

CORPOS QUE FALAM

Começou de súbito
Estavam apenas ansiosos
O cheiro exalava naturalmente
Pequenos toques, delicados beijos
Carícias plenas, serenas, obscenas
Pararam. Começaram.
Buscavam pela libido
Era intenso. Os corpos se grudaram rápido
Proibido. Escondido.

Sucumbiam em gotas de suor
O local era fechado, porém exposto
O perigo servia de catalisador
Não pensavam, agiam.
Não falavam, gemiam.
Não questionavam. Sentiam.
O auge foi o tempo todo.
Lépidos. Ávidos. Trôpegos.

Prontos para uma próxima vez.

domingo, 6 de julho de 2008

"Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja - Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irriquieto, metade a sonhar.
Fernando Pessoa em Álvaro de Campos - 1962

"Sempre pensei que optar fosse apenas escolher.

Escolher entre dois objetos, duas pessoas,
entre duas coisas de igual valor ou semelhantes.
Mas a vida foi ensinando...
Optar é antes de tudo renunciar,
e quantas vezes essa renúncia fica doendo,
pedindo, arrancando lágrimas, plantando saudades...
Viver é optar. Optar sempre, renunciar a cada momento..."
Pe. Roque Schneider

sábado, 5 de julho de 2008

ESCADA ROLANTE

Veja só que coisa mais estranha, é um elemento, uma gigante.
Note como as pessoas a perseguem, todos pacientes num mundo de caos e arquétipos, em que por alguns instantes, a aceitação é geral.
Somos tomados por uma paciência inóspita, passos lentos, olhares rápidos, o dia está só começando.
Durante o lento percurso não há discórdia, por um momento, naquele espaço há um objetivo uníssono. Olhares que se analisam, olhos que caminham de baixo pra cima e de cima pra baixo.
Um instante fora do ar. Etnias diversas, roupas, mãos diferentes, unidas por um vão ideal. Não pensam. Um movimento em série, automático e insosso. A massa se desloca, triste, como que ao caminho de um matadouro.
Os aromas enjoativos, as belas vestimentas, expressões. O contato físico e asqueroso dos corpos é obrigatório.
São levados até o topo. Poupam seus músculos e pernas. Alguns vivenciam minutos de pânico. E chegam.
Como se nada houvesse ocorrido, as mulheres batem o salto, as maletas executivas se esbarram e outros objetos pessoais tornam a ganhar vida.
A semiologia, a verdade para cada um reaparece. Alguns continuam perdidos, mas andam a passos largos, do contrário serão sucumbidos pela massa.
Viu só que coisa estranha? Um elemento, uma gigante. É essa escada rolante.
E o ciclo recomeça.

PARLIMPSESTO

Parlimpsesto é um pergaminho, um nome chique para papel, que foi escrito e raspado para ser escrito outra vez. Palavras que se reescrevem nas linhas intermediárias do primeiro texto ou em sentido transversal. Seriam então as entrelinhas?
Quantas vezes não fazemos raspagens em nós mesmos? Dizem que a vida não é um pedaço de papel, que podemos, rasgar e jogar fora. Ouvi também que a vida é um livro e somos livres para escrevê-lo à maneira que desejamos.
Por que temos necessidade de dar nomes rebuscados às experiências? Não seriam elas parte de nós? Por que não deixá-las transparecer? Tememos os borrões?
As entrelinhas não fazem parte do parlimpsesto. Estarão sempre presentes.Gostamos do mistério, das insunuações.Por que então temos medo de buscar o novo? Será que nos apoiamos em demasia nos fechos e desfechos de nosso texto?
Deixar levar, sem pretenções, não é muito mais característico às entrelinhas?
Aceitar que nem sempre o parlimpsesto é possível. O sublinar se torna rotina. Cabe a nós então, procurar outra folha. Outro engodo que caracterize o novo espaço em branco. Sem esquecer, é claro, que os parlimpsestos estão ali. Nas páginas de trás e podem ser vistos, claramente através do desgaste no verso do papel virado.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

PINDOBA

Hoje, estava no ônibus, sentada, esmagada. De repente senti algo que esbarrou na minha mão e foi para trás. Como se nada tivesse acontecido, ignorei. Repetiu-se. Me dei conta de que era a Pindoba de um rapaz, meio moço, meio velho, bem gorda e esmagada numa calça jeans.
Me espremi no banco, sem querer invadir o espaço da minha companheira de assento, mesmo que já tivesse meu espaço avaçalado por aquele "montinho" que ia e vinha.
O ônibus parou. Desceu. Lá se foi a Pindoba gorda.

RETRATO PERDIDO

No teu retrato apenas tua boca. Teus olhos não me dizem nada. Tuas sobrancelhas, teu rosto, nada me importa. Teu nariz, até que é... engraçadinho, mas, tua boca não sei o que. arinho, desejo, audades...perda. Alívio.

DESABAFO

Nem faz tanto tempo assim, mas a sua voz já não me é mais familiar.
Esqueci do seu jeito, não lembro do seu rosto. Me lembro apenas da sua boca. Dos seus lábios, mas não do seu sorriso.
As vezes me pego chorando baixinho, pensando em pequenas coincidências, sentindo flashbacks passageiros, mas que dizem muito.
estou aliviada.
Já não abro mais os olhos por ti toda manhã. Mas, ainda faz parte de mim. Mais uma vez, as pequenas coincidências.
Tenho um certo medo, ou melhor, uma grande ansiedade, para que possa me entregar novamente. Será que um dia chegarei a amar outro alguém assim como amei você?
Amar cada detalhe do corpo teu. Cada defeito, cada cheiro. Já tive nojo de ti, sabias? Já escovei os dentes após beijar-te e ontem estava implorando por um beijo teu. Hoje, já não o quero mais. Ou, lá no âmago, talvez eu queira, não o beijo, mas uma realidade que não há. Nem deve haver.
Que o tempo seja perpétuo. Que nossa distância seja dura. Que meus suspiros sejam suaves. Que tua ausência seja um alívio. E, se um dia nos reencontrarmos que não seja mais especial.
Seremos estranhos, um ao outro. Até nascer uma amizade.

AUTO-RETRATO

Dê-me asas e saberei para onde ir
Tire-as de mim e as reconstituirei
Tudo está ao meu alcance
voarei alto
plainando e aproveitando a brisa nas horas incertas

Meu poder a mim pertence
minha fama ao meu suor
meu labor é meu regozijo
Tenho asas próprias. Estas, jamais morrerão.
Estão na mente e pulsam o coração