sábado, 5 de julho de 2008

PARLIMPSESTO

Parlimpsesto é um pergaminho, um nome chique para papel, que foi escrito e raspado para ser escrito outra vez. Palavras que se reescrevem nas linhas intermediárias do primeiro texto ou em sentido transversal. Seriam então as entrelinhas?
Quantas vezes não fazemos raspagens em nós mesmos? Dizem que a vida não é um pedaço de papel, que podemos, rasgar e jogar fora. Ouvi também que a vida é um livro e somos livres para escrevê-lo à maneira que desejamos.
Por que temos necessidade de dar nomes rebuscados às experiências? Não seriam elas parte de nós? Por que não deixá-las transparecer? Tememos os borrões?
As entrelinhas não fazem parte do parlimpsesto. Estarão sempre presentes.Gostamos do mistério, das insunuações.Por que então temos medo de buscar o novo? Será que nos apoiamos em demasia nos fechos e desfechos de nosso texto?
Deixar levar, sem pretenções, não é muito mais característico às entrelinhas?
Aceitar que nem sempre o parlimpsesto é possível. O sublinar se torna rotina. Cabe a nós então, procurar outra folha. Outro engodo que caracterize o novo espaço em branco. Sem esquecer, é claro, que os parlimpsestos estão ali. Nas páginas de trás e podem ser vistos, claramente através do desgaste no verso do papel virado.

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