sábado, 5 de julho de 2008

ESCADA ROLANTE

Veja só que coisa mais estranha, é um elemento, uma gigante.
Note como as pessoas a perseguem, todos pacientes num mundo de caos e arquétipos, em que por alguns instantes, a aceitação é geral.
Somos tomados por uma paciência inóspita, passos lentos, olhares rápidos, o dia está só começando.
Durante o lento percurso não há discórdia, por um momento, naquele espaço há um objetivo uníssono. Olhares que se analisam, olhos que caminham de baixo pra cima e de cima pra baixo.
Um instante fora do ar. Etnias diversas, roupas, mãos diferentes, unidas por um vão ideal. Não pensam. Um movimento em série, automático e insosso. A massa se desloca, triste, como que ao caminho de um matadouro.
Os aromas enjoativos, as belas vestimentas, expressões. O contato físico e asqueroso dos corpos é obrigatório.
São levados até o topo. Poupam seus músculos e pernas. Alguns vivenciam minutos de pânico. E chegam.
Como se nada houvesse ocorrido, as mulheres batem o salto, as maletas executivas se esbarram e outros objetos pessoais tornam a ganhar vida.
A semiologia, a verdade para cada um reaparece. Alguns continuam perdidos, mas andam a passos largos, do contrário serão sucumbidos pela massa.
Viu só que coisa estranha? Um elemento, uma gigante. É essa escada rolante.
E o ciclo recomeça.

Um comentário:

Renato Sansão disse...

Sempre gostei da rolante, sabe.. Vejo mais como uma atração. Que dá pra parar com o calcanhar e fazer todo mundo tropeçar, olhar as rabetas que vêm e vão, alongar a panturrilha, apostar corrida na contramão....

Mas interessante a idéia do matadouro e do contato físico (in)voluntário, vou prestar atenção na próxima viage!