Outro dia estava eu folheando minha pasta com letras de músicas, e vi a foto de um rapaz com uma frase abaixo: EDILSON LOPES - EM CASO DE CONVOCAÇÃO.
Quem será esse rapaz? Faz idéia ele que está com sua foto impressa em meio a meu acervo musical? Um lugar importante pra mim, onde quase todas as músicas têm seu significado, mas ele, que significado tem ali?
Por onde será que andam as nossas caras? Estamos espalhados por aí, com apenas um click podemos fazer parte da vida de quem jamais vimos, se quer, sabemos que existem. Quantas pessoas têm guardado na memória o nosso rosto? Fazemos parte de um arquivo morto-vivo.
Aceitamos a condição feita da pura imagem e semelhança, do rosto pelo corpo,da parte pelo todo. Perdemos o pudor, ganhamos confiança. Acreditamos, que estaremos presentes apenas na vida de quem nos interessa, afinal por que capturar a imagem de outro alguém, que não nos diz respeito? Mal imaginamos um amor platônico, uma idolatria, uma foto para embelezar o ambiente.
Tenho minha idéia, minha sugestão, meu conceito: estamos dentro da estética. A imagética tomou conta das reflexões, o que não é de todo mal. O estímulo às associações é uma necessidade. A TV não mais se faz necessária, pertencemos a "geração ponto com". Nos associamos, nós, a nós mesmos, nós às imagens, ao vetor, ao desenho, ao objeto, á pintura que quisermos. Ficamos confiantes, muitas vezes mais do que ao vivo e à cores com o outro.
Temos a necessidade constante de aparecer. Nossos pensamentos são metamórficos, logo, as imagens nos acompanham. As mudanças não param e no meio do caminho, fotos ficam para trás. O conteúdo progride? Regride? Estamos preocupados com o conteúdo? A verossimilhança corresponde à nossa real fotografia?
Afinal, por onde vão fiacando as nossas caras?